Os últimos dias foram intensos para o torcedor do Esporte Clube Bahia, que vai contar com um novo treinador para a reta final do Campeonato Brasileiro, onde o clube vai buscar a permanência.
Na véspera do feriado do dia 7 de setembro, o Bahia anunciou em seu site oficial que o técnico português Renato Paiva pediu demissão. O trabalho do português não era bem avaliado pela torcida, ainda que a SAF do Esquadrão de Aço mantivesse sua convicção no trabalho.
Desde dezembro no clube, Paiva foi campeão estadual, mas fracassou em todas as outras competições, caindo de forma precoce na Copa do Nordeste e sendo eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil. Além disso, a campanha no Brasileirão é fraca. O Bahia é o décimo sexto colocado, com 22 pontos em 22 jogos. O time tem um ponto acima do Santos, primeiro time dentro da zona de rebaixamento na 17ª colocação.
A campanha na Série A tem cinco vitórias, sete empates e dez derrotas, com o ataque marcando 23 gols e a defesa sofrendo 29. Dentro de casa, o aproveitamento foi de 48,48%, mas o grande problema foi fora. Com uma vitória em onze jogos, o aproveitamento foi de 18,18%.
Ao todo, Paiva dirigiu o time em 51 jogos, com 20 vitórias, 15 empates e 16 derrotas. O aproveitamento de 49% foi o segundo pior da Série A, apenas à frente de Vanderlei Luxemburgo, do Corinthians, com 48%.
O técnico português demonstrava claro descontentamento com as críticas, que para ele passavam do ponto e atingiam o pessoal. Uma imagem dele com “orelhas de burro” que circulou nas redes sociais teriam sido o estopim para a decisão. Além disso, ele já tinha discutido com um jornalista em uma coletiva após a vitória por 4 a 0 sobre o Red Bull Bragantino. Em uma nota divulgada na quinta-feira, 7 de setembro, ele elogiou o Bahia e a SAF, dizendo que a torcida tricolor é gigante e acalorada, mas fez questão de frisar que as críticas para ele foram além do normal. Paiva pontuou que 20 reforços chegaram durante a temporada e que não seria de um dia para o outro que montaria um grande time.
Se uns vão, outros vem, na manhã desta sexta-feira, 8 de setembro, a notícia do Globoesporte.com já dava como certa a chegada de Rogério Ceni, faltando apenas o anúncio oficial da SAF e da direção do Bahia. O ex-técnico do São Paulo, que deixou o time paulista em abril, acertou com o Bahia até dezembro de 2024.
A trajetória de Ceni tem ponto alto no Nordeste
Ceni começou sua carreira profissional como técnico em 2017, assumindo o São Paulo. Foi demitido ao final do primeiro turno do Brasileiro daquele ano, e em dezembro assumiu o maior projeto de sua curta carreira como treinador, o Fortaleza.
No ano de seu centenário, o Leão do Pici voltava a Série B e acertava com o treinador ainda iniciante. No clube, ele fez história, conquistando o título da segunda divisão e recolocando o Fortaleza na elite após 12 anos. Em 2019, venceu a Copa do Nordeste, mas durante aquele ano chegou a deixar o clube para uma passagem relâmpago pelo Cruzeiro, voltando dois meses depois e ajudando na conquista da vaga para a Copa Sul-Americana de 2020, onde o Leão do Pici fez seu primeiro jogo internacional da história.
Nesse ano, foi bicampeão estadual e novamente saiu do clube antes do final do Brasileiro, dessa vez para assumir o Flamengo e ficar com o título da Série A de 2020. No Mengão, ainda venceu a Supercopa do Brasil e o Carioca, mas foi demitido. Então voltou ao São Paulo, onde é o maior ídolo da história, para uma passagem longa, que começou em outubro de 2021 e terminou em abril de 2023. Não vieram títulos, mas em 2022 foi vice do Paulista e da Sul-Americana.
Observador como um dos treinadores mais promissores da nova geração, Ceni chegou a ser cotado para assumir o Flamengo na final da Copa do Brasil e também teve seu nome ventilado no Cruzeiro e no Vasco, mas aos 50 anos volta ao Nordeste, onde passou seus momentos mais felizes até agora em sua curta carreira e tenta ajudar o Bahia a permanecer na Série A e depois iniciar um projeto de recolocar o Esquadrão de Aço entre os protagonistas do futebol brasileiro.