A história do futebol feminino é rica e repleta de desafios. Embora as mulheres estejam presentes no esporte há mais de 100 anos, a trajetória até a inclusão oficial em torneios foi cheia de obstáculos.
Sobretudo, a evolução do futebol feminino é marcada pela resistência e pelo amor ao esporte, e, hoje, ele desponta com um futuro promissor.
A seguir, vamos te contar como foram os primeiros passos do futebol feminino, a luta por reconhecimento e as conquistas ao longo dos anos.
Continue lendo e conheça essa história brilhante de mais uma luta das mulheres pelo reconhecimento no esporte!
Origens do futebol feminino
O futebol, como o conhecemos hoje, surgiu na Inglaterra no final do século 19. Foi lá que, em 1895, ocorreu a primeira partida oficial entre times femininos, organizada pelo British Ladies Football Club (BLFC).
Essa partida, disputada em Londres, atraiu mais de 10 mil espectadores e foi um marco importante, demonstrando o interesse do público pelo futebol jogado por mulheres.
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Os primeiros clubes femininos
As pioneiras Nettie Honeyball e Florence Dixie, que participaram da partida histórica de 1895, fundaram o primeiro clube feminino, o British Ladies Football Club, em 1894.
Com o objetivo de oferecer às mulheres a oportunidade de jogar e de promover o futebol como uma possível fonte de renda, o clube enfrentou forte oposição.
Ainda assim, as mulheres continuaram a jogar, apesar das críticas e do preconceito da época.
Futebol feminino durante as guerras mundiais
Durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres começaram a ocupar espaços antes dominados por homens, incluindo o futebol.
Com os homens no front de batalha, as mulheres formavam times dentro das fábricas britânicas.
O mais famoso desses times foi o Dick Kerr’s Ladies, que realizou jogos beneficentes e atraiu grande público, mostrando o potencial do futebol feminino para entreter e mobilizar a sociedade.
A primeira proibição ao futebol feminino
Em 1921, após o fim da guerra, a Associação de Futebol da Inglaterra (FA) proibiu as mulheres de jogarem nos campos filiados.
A justificativa era de que o esporte seria prejudicial à saúde feminina. Essa medida influenciou outros países europeus e dificultou o desenvolvimento do futebol feminino, perpetuando o preconceito.
O futebol feminino no Brasil
No Brasil, as primeiras partidas de futebol feminino ocorreram na década de 1920, ainda em caráter amador.
Esses jogos eram vistos mais como entretenimento do que como prática esportiva séria, e o futebol feminino era tratado como uma atração periférica.
A proibição no Brasil e o Decreto de 1941
Em 1941, o governo brasileiro, sob Getúlio Vargas, proibiu a prática do futebol feminino. O decreto, que considerava o futebol incompatível com a “natureza feminina”, restringiu o esporte por 38 anos.
Essa medida impactou profundamente a evolução do futebol feminino no país, e as mulheres que se arriscavam a jogar precisavam enfrentar o conservadorismo da época.
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A liberação e o recomeço do futebol feminino
Somente em 1979, após anos de repressão, o futebol feminino foi oficialmente permitido no Brasil. Mesmo assim, as jogadoras enfrentaram dificuldades para serem reconhecidas e levadas a sério.
Sem o apoio de federações e patrocinadores, o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil foi lento, mas persistente.
As primeiras referências no futebol feminino
A primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino foi realizada em 1991, na China, com a participação do Brasil.
Desde então, várias jogadoras brasileiras marcaram época, com destaque para a lendária Marta, que se tornou um ícone do futebol mundial.
Outros nomes importantes na história do futebol feminino internacional
Além de Marta, outras jogadoras e equipes ao redor do mundo também deixaram marcas. Nos Estados Unidos, a seleção feminina é uma das mais bem-sucedidas, com diversos títulos e forte apoio da torcida.
No cenário europeu, países como Alemanha e Noruega também se destacaram, promovendo o futebol feminino e influenciando positivamente sua popularidade global.
A luta por igualdade e respeito no futebol feminino
Na América Latina, o futebol feminino tem ganhado força nos últimos anos. Países como Chile e Argentina têm investido no desenvolvimento de ligas femininas e na promoção do esporte entre meninas e mulheres.
Esse movimento tem fortalecido o futebol feminino na região e ampliado as oportunidades para as atletas.
Avanços na Europa e na América do Norte
A Europa e a América do Norte são referências em apoio ao futebol feminino. Nos Estados Unidos, o futebol feminino é amplamente promovido nas escolas e universidades, e a seleção nacional feminina é um símbolo de empoderamento.
Na Europa, clubes tradicionais passaram a investir em equipes femininas, proporcionando melhores condições de treino e infraestrutura para as atletas.
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5 momentos mais marcantes da história do futebol feminino
A história do futebol feminino também é recheada de momentos marcantes e memoráveis. A seguir, confira cinco fatos que vale a pena relembrar.
- Despedida da Formiga: um adeus histórico
Miraildes Maciel Mota, conhecida mundialmente como Formiga, fez história no futebol feminino e se despediu da seleção brasileira em 2021, aos 43 anos.
Ela foi a única jogadora a participar de todas as edições dos Jogos Olímpicos desde a inclusão do futebol feminino, além de marcar presença em sete Copas do Mundo, uma impressionante trajetória que nenhum outro jogador – homem ou mulher – alcançou.
Ao longo de seus 26 anos vestindo a camisa da seleção, Formiga disputou 234 partidas, formando um trio lendário ao lado de Marta e Cristiane.
Essa união memorável rendeu ao Brasil momentos icônicos, como as medalhas de prata nas Olimpíadas de 2004 e 2008 e o vice-campeonato no Mundial de 2007.
O encerramento de sua jornada foi celebrado com um emocionante adeus na Arena Amazônia, onde contou com a presença de sua mãe e da amiga Marta, reforçando seu legado como uma das maiores do esporte.
- Recorde de público no futebol feminino brasileiro
O futebol feminino no Brasil presenciou um marco histórico em dezembro, com o recorde de público na final do Campeonato Paulista entre São Paulo e Corinthians.
Com 41.590 ingressos trocados e 30.077 pessoas presentes na Arena Corinthians, o evento superou o recorde anterior da final de 2019, também entre os mesmos clubes.
Esse número simboliza o crescimento da visibilidade e do apoio ao futebol feminino, incentivando mais torcedores a comparecerem e valorizarem o esporte.
- Khalida Popal e o resgate das atletas afegãs
A coragem de Khalida Popal, ex-capitã da seleção feminina do Afeganistão e uma das fundadoras da equipe, também marcou a história recente do futebol feminino.
Em um cenário de perseguição após a retomada do Talibã, Khalida dedicou seus esforços para ajudar as atletas afegãs a fugirem do país, onde a prática do futebol por mulheres é considerada um crime.
Morando na Dinamarca desde 2011, ela liderou um resgate que envolveu mais de 300 pessoas, incluindo familiares das jogadoras, atletas paralímpicas e jornalistas.
Seu trabalho reafirma a luta de mulheres pelo direito de praticar esportes e buscar uma vida de liberdade e dignidade.
- Corinthians: Tri-Campeãs da Libertadores Feminina
O time feminino do Corinthians consagrou-se ao conquistar o tricampeonato da Libertadores com uma vitória marcante sobre o Santa Fé, da Colômbia.
Liderado pelo técnico Arthur Elias, o Corinthians demonstrou uma atuação impecável, consolidando-se como uma das potências do futebol feminino sul-americano.
Esse título é um reflexo do talento, da organização e do crescente investimento no futebol feminino brasileiro, especialmente em clubes como o Corinthians, que têm apoiado as jogadoras e contribuído para o fortalecimento da modalidade.
- Ouro Olímpico do Canadá: um título inédito
O Canadá surpreendeu o mundo ao conquistar sua primeira medalha de ouro no futebol feminino nas Olimpíadas de Tóquio.
Lideradas pela veterana Christine Sinclair, as canadenses superaram equipes de grande tradição como Brasil, Estados Unidos e Suécia, esta última na final.
O feito representa um avanço significativo para o futebol feminino no Canadá e inspira jovens jogadoras a buscarem excelência no esporte, reforçando o futebol feminino como uma área de sucesso e destaque no cenário internacional.
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O presente e o futuro do futebol feminino
Hoje, o futebol feminino é mais organizado e conta com competições de alto nível, como a Copa do Mundo Feminina e as ligas europeias.
A UEFA, a CONMEBOL e a FIFA têm implementado medidas para profissionalizar o futebol feminino, buscando equiparar a infraestrutura e os salários ao nível do futebol masculino.
Desafios para o futuro
Embora o futebol feminino tenha avançado consideravelmente, ainda há desafios a serem superados.
A falta de investimentos, o preconceito e a disparidade de salários continuam a limitar o potencial do futebol feminino em muitos países.
Para que o esporte alcance sua máxima expressão, é fundamental que haja apoio financeiro e institucional.
Disparidade salarial no futebol: Marta e Neymar
Apesar de todo o seu talento e reconhecimento internacional, Marta, seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo pela FIFA, ainda enfrenta uma disparidade salarial alarmante quando comparada a jogadores masculinos.
Com um salário de aproximadamente US$ 400 mil anuais jogando pelo Orlando Pride, na liga norte-americana, Marta ganha menos de 1% do que Neymar, cuja remuneração pelo Paris Saint-Germain era próxima de US$ 50 milhões por ano.
A diferença entre os ganhos dos dois ícones do futebol brasileiro exemplifica um problema comum no mercado de trabalho mundial: a desigualdade de remuneração entre homens e mulheres.
O caso de Marta e Neymar atrai atenção internacional e volta à tona sempre que um grande torneio, como a Copa do Mundo Feminina, ocorre.
Essa situação expõe não apenas a discrepância econômica no futebol, mas também a luta contínua das mulheres por reconhecimento e equiparação salarial em diversas áreas profissionais.
O sucesso de Marta, que desafia barreiras e estereótipos, se tornou um símbolo de resiliência para outras jogadoras e mulheres que buscam equidade em suas áreas.
O Impacto da nova lei de igualdade salarial no Brasil
A recente Lei nº 14.611, sancionada em julho de 2023 pelo governo brasileiro, traz diretrizes importantes para combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
A legislação exige que empresas com mais de 100 funcionários forneçam relatórios periódicos sobre os critérios de remuneração, e estabelece penalidades para empresas que não cumprirem as normas de equidade.
Essa medida visa dar mais transparência aos processos de contratação e promoção, e a expectativa é que ela ajude a reduzir gradualmente as disparidades salariais entre homens e mulheres.
Embora a igualdade salarial já estivesse prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a nova legislação busca reforçar a aplicação prática desse direito.
Além disso, a lei permite que mulheres discriminadas no ambiente de trabalho, como em casos de diferenciação salarial injusta, possam pleitear indenização por danos morais e materiais.
Especialistas enxergam essa nova regra como um avanço fundamental, especialmente para mães, que historicamente enfrentam mais desafios para alcançar cargos de liderança e progressão na carreira.
ESG e diversidade: incentivando a inclusão no futebol e além
O conceito de ESG (Environmental, Social e Governance) tem ganhado espaço nas práticas empresariais e no esporte, sendo uma ferramenta poderosa para promover a diversidade e a inclusão.
No futebol feminino, essa prática reflete-se na ampliação das oportunidades de patrocínio, investimentos em infraestrutura e em salários.
Embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido para que o futebol feminino receba o mesmo apoio financeiro que o masculino, os avanços em responsabilidade social estão abrindo novas portas.
As práticas sustentáveis do ESG não só beneficiam atletas e clubes, mas também atraem um público diversificado e consciente.
No Brasil, iniciativas no setor esportivo focadas em ESG incentivam as organizações a adotar políticas de diversidade e transparência salarial, além de maior visibilidade para o futebol feminino.
A partir desses princípios, muitas empresas têm criado espaços para que as atletas discutam temas como remuneração, patrocínios e oportunidades no esporte.
Desafios estruturais para a igualdade no futebol feminino
As desigualdades no futebol feminino não se limitam apenas aos salários. Durante décadas, as mulheres foram marginalizadas em um ambiente predominantemente masculino, enfrentando preconceito e exclusão em todas as esferas do esporte.
A proibição do futebol feminino no Brasil, que vigorou de 1941 a 1979, é um exemplo claro de como a trajetória das mulheres no esporte foi marcada por obstáculos institucionais.
A falta de apoio financeiro, visibilidade e cobertura midiática do futebol feminino são fatores que ainda hoje influenciam a desigualdade salarial.
A estrutura do futebol masculino cresceu de forma massiva ao longo dos anos, enquanto o feminino precisou lutar por reconhecimento e aceitação social.
Como resultado, muitos dos contratos de patrocínio e transmissões televisivas ainda são direcionados ao futebol masculino, afetando os rendimentos das jogadoras.
No entanto, campanhas pela igualdade e o crescente interesse do público estão pressionando os órgãos do esporte e patrocinadores a priorizar a equidade.
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O papel das jogadoras na mudança de paradigma
As jogadoras têm sido protagonistas na luta por mudanças. Atletas como Megan Rapinoe, Alex Morgan e a própria Marta não apenas brilham em campo, mas também defendem causas que promovem igualdade e respeito. Suas vozes influenciam políticas e inspiram torcedoras e atletas ao redor do mundo.
O futebol feminino percorreu um longo caminho desde sua primeira partida em 1895 até se tornar o que é hoje: um esporte amado por milhões de pessoas e praticado em todos os continentes.
As mulheres enfrentaram e superaram barreiras, transformando o futebol em uma plataforma de luta por igualdade e respeito.
Com o apoio das federações, dos torcedores e das próprias jogadoras, o futuro do futebol feminino promete ser grandioso, cheio de conquistas e de novas histórias a serem contadas.
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